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Sexualidade Infantil #1: Uma breve introdução

Imagem retirada de Pixabay.
10 de outubro de 2016
Este artigo faz parte da série:

Sexualidade Infantil

Desde o início do século XX, os estudos de Freud já colocavam em pauta o tema da sexualidade na infância. E como será que esse assunto é encarado hoje? Vamos pensar sobre isso nessa nova série de posts do Toda Criança Pode Aprender!

 

Por ser considerada uma temática um tanto delicada, a teoria sobre a sexualidade infantil já foi alvo de muitas críticas, e parece gerar ainda bastante desconforto e estranheza a quem esbarra no assunto pela primeira vez, principalmente por aproximar alguns termos comumente atribuídos a práticas adultas, mesmo que em sua essência elas sejam muito distintas. Tal complexidade ainda pode ter sido trazida a partir de uma ideia que aparenta colocar em cheque a inocência conferida à criança, que ao longo da história foi sendo vista não mais como um adulto em miniatura, mas compreendida em seu processo de desenvolvimento e recebendo qualidades específicas dentro desse momento inicial de sua existência – a infância.

O psicanalista austríaco, Sigmund Freud, insistiu que valia a pena observarmos de perto a vida dos pequenos para entendermos que a sexualidade se faz presente desde muito cedo, o que não representa o término dessa ideia de inocência infantil. A criança está em permanente desenvolvimento, demandando proteção, cuidados e apoios ao longo desse processo. A sexualidade infantil encontra-se no sentido da criança ser afetada por estímulos prazerosos, seja quando ela se alimenta, faz cocô, é pega no colo, recebe carinho… Os primeiros encontros da criança com o mundo passam pelo corpo, pelas vias sensoriais nessa interação com o ambiente que a cerca, e esse contato, inevitavelmente, deixa suas marcas. Para cada pessoa isso se dará de uma maneira muito singular, pois cada bebê nasce num contexto diferente, é estimulado por adultos e ambientes particulares, respondendo às suas necessidades, curiosidades e satisfações por meios muito próprios.

As crianças sentem prazer ao explorarem o corpo de muitas formas, seja pulando de um lugar alto, girando, correndo, escalando, testando novas habilidades, se enterrando na areia, chupando o dedo, enfim, se movimentando pelos ambientes e se debruçando em atividades das mais variadas. Esses ensaios garantem uma experimentação de si mesmas e do seu entorno, permitindo que se deparem com limites e descobertas importantes nesse contato mais íntimo entre o que fica dentro e fora do corpo, o que as ajuda a se organizar e a se desenvolver conforme se lançam nesses espaços de interação.

Todos esses desafios corporais, que farão parte do repertório de experiências da criança, possibilitam que ela vá definindo alguns traços do seu eu (distinguindo o que gosta do que não gosta, por exemplo), que ela comece a formular hipóteses a respeito desse seu corpo e do corpo do outro, a partir de uma observação contínua das pessoas à sua volta. A curiosidade pelo novo é muito natural e costuma vir acompanhada de muitas questões, como, por exemplo, de onde vêm os bebês ou por que os órgãos genitais dos meninos não são iguais aos das meninas.

O desafio para os adultos de referência pode ser enorme: ao mesmo tempo em que devem preservar a intimidade das crianças e não julgá-las negativamente em sua sexualidade (visto que é parte integrante e importante do desenvolvimento), também são responsáveis por um processo educativo que aborde valores que as norteiem para viver em sociedade, ajudando-as a compreender o que corresponde à esfera do público e do privado, quem pode ou não tocar em seu corpo, como respeitá-lo e considerá-lo de maneira saudável. Exercer esse papel nem sempre é uma tarefa simples, porém é fundamental que se fale abertamente sobre o tema com as crianças, tanto para instruí-las e muni-las de conhecimento a respeito de algo que faz parte de suas vidas, como para que os próprios adultos possam ter em mente esse assunto de um jeito mais esclarecido, sem senti-lo como um tabu, como muitas vezes é tratado. Do mesmo modo, importa conversar com outros adultos, igualmente próximos dessa criança, seja para discutir formas de abordar esses assuntos, seja para se definir uma atuação comum junto a ela.

E você? O que pensa sobre o assunto? Deixe o seu comentário nos contando e aguarde pelos próximos posts que fazem parte desta série.

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