Conheça sobre renomados autores e suas produções direcionadas para o público infantil.
É comum conhecermos os grandes nomes da literatura por seus títulos consagrados voltados para um público mais maduro. Mas você sabia que também existem obras de grandes autores para pequenos leitores? Anteriormente, abordamos indicações literárias brasileiras de Clarice Lispector, Érico Veríssimo, Mario Quintana e de escritores estrangeiros, como J. R. R. Tolkien e Neil Gaiman.
Agora, mergulharemos em duas produções literárias que desafiam a realidade. A primeira vem do universo literário português do romancista, teatrólogo e poeta José Saramago. A segunda pertence à cultura brasileira e foi escrita pelo médico e escritor Drauzio Varella.
José Saramago nasceu em 1922, em Portugal. Em 1998, tornou-se o primeiro autor de língua portuguesa a receber o Prêmio Nobel de Literatura. Ele é conhecido pelo estilo oral de seus textos, em que a potência comunicativa é mais importante do que a ortografia de uma linguagem escrita. Apesar de escrever para o público adulto, é também escritor de obras infantis, como A maior flor do mundo, A caverna e O lagarto.
O lagarto
(Texto: José Saramago, Ilustrações: J. Borges / Editora: Companhia das Letrinhas)
O lagarto, escrito em 1972 e publicado posteriormente em forma de livro ilustrado, une o talento das palavras de José Saramago às xilogravuras do artista e cordelista brasileiro José Francisco Borges, conhecido como J. Borges.
A história se passa no bairro do Chiado, em Lisboa, e conta sobre um turbulento dia da cidade, quando surgiu um assustador lagarto gigante no meio da rua. O animal causou um alvoroço, deixando aterrorizadas todas as pessoas que por ali passavam. “Um lagarto parado, uma multidão pálida nas calçadas, automóveis abandonados em ponto morto – e de repente uma velha aos gritos”.
O animal permanecia imóvel, no entanto, o pânico estava instaurado. E no silêncio das ruas desertas, de repente, apitos passaram a ser ouvidos. Rapidamente as ruas estavam bloqueadas. Bombeiros, forças armadas e uma esquadrilha de aviões surgia no céu. “Reunidas todas as forças disponíveis, foi dado o sinal de avançar” e, então, algo inesperado aconteceu! Mas qual será o desfecho dessa história?
O que terá acontecido com o gigante e temível lagarto? Nesse conto fantástico, a magia literária é confrontada com o real, permitindo uma diversidade de interpretações e transportando os leitores para a marcante narrativa crítica e misteriosa de Saramago.
Nas águas do rio Negro
(Texto: Drauzio Varella, Ilustrações: Odilon Moraes / Editora: Companhia das Letrinhas)
Outra obra cheia de encantamento é o livro Nas águas do rio Negro, do brasileiro Drauzio Varella. O autor, nascido em São Paulo, em 1943, é médico cancerologista, cientista e escritor brasileiro, formado pela Universidade de São Paulo (USP). Varella, que é conhecido por tornar popular a informação médica no Brasil, já viajou pelo rio Negro diversas vezes, no barco Escola da Natureza, pesquisando e colhendo plantas da região para transformá-las em medicamentos.
O rio Negro, o mais extenso rio de água negra do mundo, nasce na Venezuela, entra no Brasil e corta a Floresta Amazônica. Em suas viagens até a região, Varella ouviu muitos mitos e lendas tradicionais dos povos indígenas, que compõem as populações ribeirinhas que vivem ali. Essas histórias inspiraram o autor e foram transformadas nesta incrível narrativa produzida por ele.
Na obra, dividida em duas partes, a ficção e a realidade se confundem, combinando a fantasia e o folclore da região. As ilustrações de Odilon Moraes usam apenas diferentes tonalidades de marrom, que remetem ao encontro de águas claras do rio Solimões com o rio Negro. Na segunda parte, por meio de um texto de caráter informativo, o autor apresenta importantes referências sobre a área banhada pelo rio e pesquisas realizadas no local, trazendo também fotos do povo e da região.
A aventura começa quando, em uma de suas expedições no rio Negro, o médico se perde na floresta e encontra seres míticos do folclore brasileiro. O primeiro deles é o Curupira, um rapazinho de pele clara e cabelos cor de fogo que deixava pegadas que apontam para o lado oposto ao que ele andava. Na história, ele aparece no brilho das luzes cintilantes dos vaga-lumes e, a fim de proteger a floresta, acaba por apontar a direção errada ao médico.
Eis que surge, então, em meio às trevas amazônicas, um animal em disparada: “era uma mula de crina comprida, marrom, igual a tantas outras, exceto por um detalhe: ela não tinha cabeça”. Ao ser encontrada, a cabeça perdida é, porém, encaixada ao contrário. Durante a busca por ajuda, os integrantes da expedição chegam a uma casa e se deparam com uma planta que se transforma em onça-pintada. Em seguida, encontram um bando de macacos-pregos, que, de tanta algazarra que fazem, acabam por endireitar a cabeça da pobre mula. Por fim, ao chegar no rio, o médico faz uma travessia de canoa. Mas a história não termina por aí: no trajeto, surge a temida cobra-grande. E quando ela está prestes a engolir a canoa…
Vale a pena mergulhar nessa fantasia que nos leva para outro mundo e conhecer o desfecho dessa aventura. Convide as crianças para descobrir se o médico consegue se salvar e quem mais ele encontra pelo caminho, na volta para o barco da Escola da Natureza.
Além de Nas águas do rio Negro, Drauzio Varella também escreveu para o público infantil os livros Nas ruas do Brás e De braços para o alto.
Para conhecer essas e outras indicações, procure os títulos em uma biblioteca próxima ou, se preferir, é possível adquirir os livros nos links abaixo: